O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é um dos tipos de câncer mais comuns entre as mulheres, especialmente em países em desenvolvimento. Ele acomete a parte inferior do útero, conhecida como colo uterino, e em mais de 90% dos casos está associado à infecção persistente de alguns tipos de papilomavírus humano (HPV), os tipos oncogênicos, conhecidos como genótipos de alto risco. A boa notícia é que esse tipo de câncer pode ser prevenido e também, caso ocorra, tem altas chances de cura se for diagnosticado de forma precoce.
Dados estatísticos
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA):
- Em 2023, no Brasil a estimativa foi de 17.010 novos casos de câncer do colo do útero.
- É o terceiro tipo de câncer mais incidente em mulheres no país (excluindo câncer de pele não melanoma).
- A taxa de mortalidade ainda é alta, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, onde o acesso aos exames de rastreamento é menor.
- Cerca de 90% das mortes por câncer do colo do útero ocorrem em países em desenvolvimento, onde a cobertura vacinal e o rastreamento são insuficientes.
Fonte: INCA – Câncer do Colo do Útero
O que é o câncer do colo do útero?
Esse tipo de câncer se forma quando as células do colo uterino começam a se multiplicar de forma descontrolada, geralmente após alterações celulares causadas pela infecção persistente pelos tipos oncogênicos de HPV. Essas alterações são silenciosas no início e levam alguns anos para evoluir até um câncer invasivo.
Por isso, a detecção precoce das alterações pré-malignas é essencial. Quando descoberto nas fases iniciais, o câncer do colo do útero tem altas chances de cura.
Fatores de Risco
Alguns fatores aumentam o risco para o desenvolvimento do câncer do colo uterino, entre eles:
- Infecção persistente por tipos de HPV de alto risco ou oncogênicos, como o HPV 16 e o HPV 18 (principal fator de risco);
- Idade: O câncer de colo de útero é mais comum em mulheres com mais de 30 anos.
- Início precoce da vida sexual;
- Múltiplos parceiros sexuais;
- Histórico de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- Tabagismo: Mulheres que fumam têm um risco maior de desenvolver câncer de colo de útero, pois o tabaco pode enfraquecer o sistema imunológico e aumentar a probabilidade de infecção persistente pelo HPV.
- Imunossupressão (como em casos de HIV);
- Uso prolongado de contraceptivos orais (dado mostrado em alguns estudos);
- Histórico familiar de câncer do colo do útero.
Sintomas do Câncer de Colo de Útero
Nos estágios iniciais, o câncer de colo de útero não apresenta sintomas. Por isso, os exames regulares de rastreamento/ preventivo são fundamentais para detectar alterações precoces. Porém, conforme a doença avança, alguns sinais podem surgir, como:
- Sangramento vaginal anormal, como após a relação sexual ou fora dos períodos menstruais;
- Dor durante a relação sexual;
- Dor pélvica persistente;
- Corrimento vaginal com cheiro forte e alteração na cor;
- Fadiga excessiva.
Prevenção e Detecção precoce: Não quero ter, mas como evitar o Câncer de Colo de Útero?
A boa notícia é que o câncer de colo de útero é altamente prevenível, principalmente por meio da vacinação e dos exames regulares.
Assim, é importante seguir as orientações abaixo:
- Vacinação contra o HPV: A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenção, pois combate os principais tipos oncogênicos de HPV, os quais estão mais associados ao desenvolvimento de câncer. Ela é recomendada para meninas e meninos, geralmente entre 9 e 14 anos, antes do início da vida sexual. A vacina também pode ser administrada em mulheres até 45 anos.
- Exame de Papanicolaou (ou exame citopatológico cérvico-vaginal): detecta lesões precursoras antes que elas evoluam para câncer. Deve ser feito por todas as mulheres com vida sexual ativa, especialmente dos 25 a 64 anos, anualmente ou conforme orientação do médico que acompanha a mulher. Este exame pode identificar lesões precoces que, se tratadas, evitam a progressão para o câncer.
- Teste molecular de HPV (biologia molecular): detectam a presença do vírus HPV de alto risco, mesmo antes de qualquer alteração celular. Esses testes já estão incorporados nas principais diretrizes nacionais e internacionais para detecção precoce de lesões precursoras e do câncer de colo uterino.
- Uso de preservativo em todas relações sexuais: Embora não previnam 100% a infecção por HPV, o uso de preservativos durante a relação sexual pode reduzir o risco de transmissão do vírus.
- Acompanhamento ginecológico regular: Consultas ginecológicas regulares são essenciais para monitorar a saúde do colo do útero e detectar qualquer alteração a tempo.
- Não fumar
- Manter uma vida sexual saudável e consciente
Tratamento do Câncer de Colo de Útero
O tratamento para o câncer de colo de útero depende do estágio em que a doença se encontra. Entre as opções terapêuticas, estão:
- Cirurgia: Em estágios iniciais, a remoção do tumor ou até do útero pode ser uma opção viável.
- Radioterapia: A radioterapia pode ser usada para tratar tumores localizados ou em casos avançados para reduzir o tamanho do câncer.
- Quimioterapia: Em estágios mais avançados, a quimioterapia pode ser combinada com outros tratamentos para destruir as células cancerígenas.
- Terapias alvo e imunoterapia: Em alguns casos, terapias mais específicas podem ser usadas para atacar células cancerígenas com base em suas características genéticas.
Conclusão
O câncer de colo de útero é uma doença silenciosa nos estágios iniciais, ou seja, não causa sintomas e por isso os cuidados na prevenção e detecção precoce são tão importantes.
É um câncer que se detectado precocemente, tem altas taxas de cura. A prevenção, por meio da vacinação contra o HPV, exames regulares e hábitos saudáveis é a chave para reduzir o risco de desenvolver a doença. Portanto, é essencial que todas as mulheres se informem, adotem hábitos preventivos e procurem atendimento médico regularmente. A detecção precoce salva vidas! Você pode ter e não saber!
Se você tem dúvidas, procure um profissional de saúde e mantenha sua rotina ginecológica em dia!