O diagnóstico de câncer do colo do útero pode desencadear uma série de sentimentos como medo, insegurança e dúvidas. No entanto, graças aos avanços na medicina, hoje existem tratamentos eficazes que podem levar à cura, controle da doença e à manutenção da qualidade de vida. Saber o que esperar durante esse processo pode ajudar a tomar decisões mais informadas e tranquilas.
Entendendo o Estadiamento do Câncer
O primeiro passo após o diagnóstico do câncer do colo do útero é definir o estadiamento da doença. Esse processo indica até onde o câncer se espalhou, e é essencial para determinar a abordagem do tratamento. O câncer do colo do útero é classificado em quatro estágios (I a IV). Nos estágios iniciais, o tumor está restrito ao colo do útero, enquanto nos estágios mais avançados, pode afetar tecidos vizinhos ou se espalhar para outras partes do corpo.
Para determinar o estágio do câncer, os médicos utilizam exames clínicos, de imagem (como tomografia, ressonância magnética e PET-CT) e biópsias.
Principais Opções de Tratamento
O tratamento do câncer do colo do útero pode variar dependendo do estágio da doença. As principais opções incluem:
1. Cirurgia
Nos estágios iniciais (IA e IB1), a cirurgia é frequentemente a opção recomendada. Ela pode variar desde a remoção de uma parte do colo do útero (conização) até a histerectomia radical, que envolve a remoção do útero, parte da vagina e tecidos adjacentes. A escolha do procedimento depende do tamanho do tumor, da invasão de tecidos vizinhos e do desejo de preservar a fertilidade da paciente.
2. Radioterapia e Quimioterapia
Nos estágios mais avançados (a partir do IB2), a combinação de radioterapia e quimioterapia é comumente utilizada. A radioterapia é feita com sessões externas, além da braquiterapia, onde uma fonte de radiação é colocada diretamente próxima ao tumor. A quimioterapia geralmente envolve o uso de cisplatina. Essa abordagem tem se mostrado eficaz no controle local da doença e no aumento da sobrevida.
3. Tratamento Sistêmico e Imunoterapia
Em casos de recidiva ou metástases, os tratamentos sistêmicos podem ser aplicados, como o uso de bevacizumabe (antiangiogênico) junto à quimioterapia. Além disso, a imunoterapia tem ganhado destaque, com o uso de inibidores de checkpoint, como o pembrolizumabe, para pacientes com expressão positiva de PD-L1. O estudo KEYNOTE-826, realizado em 2021, demonstrou que a combinação de pembrolizumabe com quimioterapia pode aumentar significativamente a sobrevida de pacientes com câncer do colo do útero persistente, recorrente ou metastático.
Efeitos Colaterais e Cuidados Durante o Tratamento
Cada tratamento pode acarretar efeitos colaterais. A cirurgia pode causar alterações urinárias, intestinais ou sexuais. Já a quimioterapia e a radioterapia podem provocar fadiga, náuseas, alterações intestinais e ressecamento vaginal. Por isso, o acompanhamento contínuo de uma equipe multiprofissional, incluindo ginecologistas, oncologistas, fisioterapeutas pélvicos, nutricionistas e psicólogos, é fundamental para garantir o bem-estar da paciente durante e após o tratamento.
Prognóstico e a Importância do Diagnóstico Precoce
O câncer do colo do útero é altamente tratável quando diagnosticado precocemente. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a taxa de sobrevida em cinco anos para mulheres diagnosticadas em estágio inicial pode superar os 90%. No entanto, em estágios mais avançados, essa taxa diminui consideravelmente, reforçando a importância dos programas de rastreamento e da vacinação contra o HPV.
Considerações Finais
Receber o diagnóstico de câncer do colo do útero pode ser um momento de grande desafio, mas é importante lembrar que existem tratamentos eficazes que podem levar à cura e à melhoria da qualidade de vida. Cada paciente deve ser tratada com acolhimento, respeito e informações claras sobre seu processo de tratamento. Além disso, o apoio emocional e a presença de uma equipe de saúde qualificada fazem toda a diferença ao longo da jornada.
Se você ou alguém próximo está passando por isso, saiba que não está sozinha. O cuidado contínuo e a esperança são parte fundamental dessa caminhada.
Referências:
- Colombo, N., Dubot, C., Lorusso, D., et al. Pembrolizumab for Persistent, Recurrent, or Metastatic Cervical Cancer. N Engl J Med 2021; 385:1856-1867. DOI: 10.1056/NEJMoa2112435
- Instituto Nacional de Câncer (INCA). Estimativa 2023: Incidência de Câncer no Brasil. Disponível em: inca.gov.br
- Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Diretrizes para o tratamento do câncer do colo do útero. 2022.
4o mini